A Política Externa do Governo Bolsonaro: algumas considerações críticas sobre a relação sino-brasileira

The Foreign Policy of the Bolsonaro Government: some critical considerations about the Sino-Brazilian relationship

Resumo

A China aumentou sua presença na América Latina, em alternativa à dinâmica centro-periferia que historicamente orienta as relações entre os países latino-americanos e os Estados Unidos. Neste sentido, as relações entre Brasil e China aprofundaram-se e desde 2009 o país asiático é o principal parceiro comercial brasileiro. Contudo, com a chegada de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto em 2019, o país adotou uma postura “anti-China” e de alinhamento ao governo Donald Trump (2017-2020) dos EUA. Desta forma, este trabalho visa responder os seguintes questionamentos: como se desenvolveram as relações entre Brasil e China sob o alinhamento automático a Washington? Quais as contradições entre as tentativas de mudança das diretrizes da política externa, tendo em vista o papel da China no comércio exterior brasileiro? A abordagem metodológica utilizada é análise de dados de caráter qualitativo, desenvolvida por meio de análise documental e de revisão bibliográfica. Ao longo do trabalho, pôde-se averiguar que houve uma alteração da linha tradicional da política externa brasileira em 2019 - resultando em aproximação à gestão Trump e adoção de postura hostil em relação a Pequim. Ainda, verificou-se que as relações comerciais sino-brasileiras mantiveram-se relativamente estáveis no período observado, o que leva a concluir que, apesar do desgaste político-diplomático, a participação chinesa no percentual de exportações totais brasileiras de 2019 a 2022 continuou consideravelmente alta, revelando a importância e a necessidade recíproca de um país para o outro.